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Comemorações do Centenário do 5 de Outubro em Guimarães | Escola Secundária Francisco de Holanda

sábado, 20 de março de 2010

Guimarães em 1911


20-4-1911:Principiou a demolição interior do Recolhimento do Anjo (vítima da República) e terminou dia 22 de manhã e, conforme alagavam, iam levando os objectos para o Convento das Capuchas.

28-4-1911: Greve dos operários curtidores e surradores, devido à precária situação que enfrentam, quer ao nível dos salários, e horas de trabalho. A greve termina poucos dias depois tendo os operários chegado a acordo com os industriais.

14-5-1911: Promovida pela direcção do Centro Republicano de Guimarães, apesar do mau tempo, realizou-se uma excursão a Vizela, onde os excursionistas fizeram um comício de propaganda eleitoral no qual houve grande chinfrim, que os jornais não noticiaram.

16-6-1911: A classe de alfaiates e costureiras declararam-se em greve.

19-6-1911: Saiu um bando percorrendo as ruas da cidade anunciando que pelas cortes gerais estava reconhecida a República em Portugal. Da varanda dos Paços do Concelho foi lida por um vereador, estando ali presente uma força do 20 de infantaria com a respectiva música, muito povo, mais duas bandas marciais, a Boa União e a de Pevidém; finda a leitura houve vivas, tocaram A Portuguesa, retirou a força para o quartel e a banda Boa União ficou 2 horas a tocar em coreto em frente da casa da Câmara e a do Pevidém tocando pelas ruas. À noite marcha au flambeaux com numerosos militares e republicanos, vivas a diversas (sic, no original); terminou às 11 horas.

25-6-1911: Veio a esta cidade Nª Sª da Lapinha; foi o 1º ano em que à sua passagem se endamascaram as janelas com cobertores, e no Toural, e principalmente na Rua de Camões, rebentou uma grande e entusiástica manifestação à S. Smª. Virgem Maria; foi delirante em vivas e saudações à Mãe de Deus.

27-6-1911: De madrugada apareceu completamente inutilizada a tabuleta de "O Comércio de Guimarães", na Rua de D. João I, e sujas com excremento as portas do estabelecimento de António Joaquim d'Azevedo Machado, na Rua da República. Destes actos o administrador do concelho remeteu ao delegado do procurador da república, nesta comarca, e auto de investigação a que procedeu contra os díscolos (isto: fogo de vistas para inglês ver).

3-7-1911: Principiaram a tirar as grades do Toural e levaram-nas para fazer um mercado nas Taipas.

6-7-1911-Às 6 horas da manhã foi apeada a estátua de D. Afonso Henriques que estava colocada no terreiro de S. Francisco e ia o ser no Toural. A cabeça já lha haviam tirado ontem, 5, e a espada num dos últimos dias de Junho, pelo S. João, e só ontem principiou a desmontagem da estátua porque esperou-se pela vinda de um operário da fábrica de fundição de Massarelos.

18-7-1911-Em Cardido, S. Cristóvão de Selho, trava-se um conflito entre republicanos e monárquicos, trocando-se tiros e havendo feridos. - "O Século".

20-7-1911: Concluiu o julgamento de Agostinho de Oliveira, Francisco de Freitas Guimarães e Luís Fernandes, acusados de soltarem gritos subversivos após a passagem da procissão de Passos, no Toural. Foram condenados em 30 dias de prisão correccional remissíveis a 500 reis diários.

22-7-1911: Declararam-se há dias em greve os operários das fábricas de tecidos de Riba De Ave e Negrelos, indubitavelmente as mais importantes do norte do país, uma junta do Rio Vizela, outra nas margens do Ave. O movimento foi inesperado e parece que o operariado se queixa de precária situação, como por exemplo, trabalhando 14 horas, sofrerem muitas multas, vexames e receberem pequeno salário. Na 4ª feira, às 10 horas da manhã, uns 4 mil a 5 mil operários vindos de S. Tirso e Negrelos trazendo à frente um tambor deram ingresso no populoso e industrial lugar de Pevidém e invadindo as importantes fábricas de cotins e riscados obrigaram os operários a abandonar o trabalho, aderindo uns e fugindo outros pelas traseiras das fábricas.

13-8-1911: Domingo. - À noite quando a banda regimental tocava o hino nacional "A Portuguesa" no jardim em S. Francisco, uma grande parte das pessoas que aí se encontravam conservou-se de chapéu, alguns republicanos, exasperados com o facto, quiseram obrigar diversos indivíduos a descobrir-se, no que não foram obedecidos, originando-se então graves alterações da ordem pública e distúrbios, que depois se repetiram no Campo da Feira, os quais só serenaram coma intervenção da força armada de infantaria 20, a qual recolheu à uma hora da madrugada conduzindo 2o presos que deixou na administração do concelho. Quando se deram os distúrbios no jardim e no Campo da Feira, tocaram a incêndio os sinos das torres de S. Francisco, Campo da Feira e S. Paio. No jardim encontrava-se um grupo de indivíduos formigas (palavra sublinhada no original) com o propósito de provocar o conflito, pois já antes em alguns dias (23-VII e...) em que a banda aí tocara houvera pequenas questões e insultos pelo mesmo motivo. Para averiguar e inquirir do sucedido, veio depois o dr. Sá Fernandes, juiz de investigação criminal do Porto.

20-8-1911: Domingo. - Às 11 horas da manhã, nos Paços do Concelho, em cumprimento do deliberado em sessão extraordinária da comissão administrativa da Câmara Municipal de 17 deste mês e por seu convite, houve uma reunião pública das diferentes colectividades vimaranenses e entidades oficiais do concelho, presidida pelo presidente da dita comissão, José Pinto Teixeira de Abreu, o qual expôs que o fim era para protestar e repelir os desacatos sucedidos no domingo 13 do corrente, nesta cidade, e de todos afirmarem a sua solidariedade coma as instituições republicanas, e terminou levantando vivas à Pátria (para tapa olhos), à república e a povo de Guimarães!!! (a algum uma no cabo e outra na...). Depois falou o administrador do concelho. O secretário da Câmara que os presentes assinaram.

3-9-1911: No jardim houve outros tumultos no fim da execução da "Portuguesa", por não se descobrirem todos os cavalheiros que por completo enchiam o jardim. Depois levantaram vivas ao Bernardino Machado, Afonso Costa, etc. O administrador procurou acalmar os ânimos, o que não pôde conseguir, pelo que foram mantidas duas prisões, sendo os presos conduzidos à esquadra no meio de uma escolta de soldados de cavalaria. As manifestações do regime prolongaram-se por muito tempo e estiveram eminentes vários conflitos, por a distinção que deram a essas lamentações.

3-11-1911: Às 5 e meia horas da tarde chegou a esta cidade, tendo entrada entusiástica o brilhante o dr. António José de Almeida. Às 6 horas no teatro D. Afonso Henriques discursaram o Dr. Alfredo Pimenta, Américo de Oliveira, Amorim de Carvalho e o Dr. António José de Almeida que fez uma conferência de propaganda republicana. Em seguida houve banquete de 50 talheres no grande hotel do Toural. O doutor retirou no dia seguinte para a Póvoa de Varzim.

15-11-1911: A Câmara delibera que a rua de S. Sebastião (rua Travessa) seja rua do Dr. Bento Cardoso e a rua Nova do Comércio seja rua de Egas Moniz.

13-12-1911: Na capela de Santa Luzia não houve festa, e em 1912 idem.

FARIA, João Lopes, Ephemérides, manuscrito, Sociedade Martins Sarmento

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