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Comemorações do Centenário do 5 de Outubro em Guimarães | Escola Secundária Francisco de Holanda

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Personagens: os regicidas



Alfredo Luís da Costa (1885-1908)

Nasceu em Casével, Castro Verde, em 1885. Fundou um jornal para a defesa dos empregados do comércio em Angra do Heroísmo, fez propaganda republicana, escreveu em jornais de classe em Lisboa, foi caixeiro viajante, presidiu à Associação dos Empregados do Comércio de Lisboa e fundou a Social Editora, com Aquilino Ribeiro. Lançou vários folhetos de propaganda. Participou na intentona de 28 de Janeiro de 1908 e no atentado de 1 de Fevereiro de 1908, contra o rei D. Carlos I e D. Luís Filipe. Juntamente com Manuel Buiça foi um dos regicidas, sendo morto pela polícia no local.



Manuel dos Reis da Silva Buiça (1876-1908)

Professor, nasceu em Vinhais em 1876. Foi 2.º sargento no regimento de Cavalaria de Bragança. Em Lisboa ficou conhecido como professor do ensino secundário, leccionando designadamente na Escola Universal e na Escola Nacional. Republicano e carbonário, participa na intentona de 28 de Janeiro de 1908 contra o governo de João Franco, e foi um dos regicidas que a 1 de Fevereiro de 1908 mataram o rei D. Carlos I e o príncipe Luís Filipe. Foi morto no local. Tornou-se uma figura legendária devido ao seu protagonismo no atentado do Terreiro do Paço. Deixou dois filhos (um rapaz e uma rapariga), para quem foi aberta uma subscrição pública depois da morte de seu pai.

“DIÁRIO” DA REPÚBLICA: O Regicídio - 1 de Fevereiro de 1908

Gravura representando o regicídio, por Rocha Martins. Nesta visão do acontecimento, o «landau» dá entrada na Rua do Arsenal, já com D. Carlos e D. Luiz Felipe tombados, enquanto Alfredo Costa (à direita, em primeiro plano) e Manuel Buiça (à esquerda, ao fundo, sofrendo uma espadeirada) são abatidos pela polícia e pela escolta que acompanhava o cortejo das carruagens. 01 FEV. 1908. - (Fundação Mário Soares)

O rei D. Carlos, sua mulher D. Amélia e o príncipe herdeiro D. Luís Filipe tomaram o comboio em Vila Viçosa às 11 horas, em direcção ao Barreiro, sofrendo a viagem um atraso de três quartos de hora devido a descarrilamento em Casa Branca. O vapor D. Luís, dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste, transportou a família real até Lisboa, atracando pouco depois das cinco da tarde. A esperá-los, estava o infante D. Manuel, que viera das Necessidades num landau (carruagem aberta) com o visconde de Asseca, o Presidente do Ministério João Franco e elementos do governo e da corte. 

A família real entrou num landau: "No fundo a minha adorada Mãe dando a esquerda ao meu pobre Pai. O meu chorado Irmão diante do meu Pai e eu diante da minha Mãe" (in Diário de D. Manuel). Atrás, seguiam os condes de Figueiró e o marquês de Alvito. João Franco vinha num coupé, em quarto lugar.
Quando a carruagem real estava perto da curva para a entrada da Rua do Arsenal, "um homem de barba preta [Manuel Buiça] com um grande gabão", vindo pela retaguarda e afastando as abas do capote, agarrou na carabina que transportava (Winchester, modelo 1907), apontou e descarregou o primeiro tiro, que acertou no pescoço de D. Carlos, matando-o. Apontou e descarregou de novo, atingindo desta feita o rei no ombro. 

Enquanto isto, vindo das arcadas, Alfredo Costa, armado com uma pistola Browning FN, calibre 7,65, avança para a carruagem real. Subindo para o estribo, dispara quase à queima-roupa sobre o rei. D. Luís Filipe levanta-se, de revólver em punho, mas antes de poder disparar, Costa atinge-o no peito. A rainha, de pé, agita um ramo de flores, gritando "infames, infames!" 

Seguiu-se a confusão, com a polícia à espadeirada e a disparar em todas as direcções. D. Manuel diria mais tarde: "começou uma perfeita fuzilada, como n'uma batida às feras!" Ambos os regicidas cairam mortos. Eram cinco e meia da tarde. Também o transeunte João Sabino da Costa, ourives, foi morto pela escolta.
A carruagem seguiu, a toda a velocidade, para o Arsenal da Marinha, onde o rei já entrou morto e o príncipe herdeiro agonizante, falecendo pouco depois. O Infante D. Manuel também estava ferido num braço, sem gravidade. 

Ainda hoje se desconhecem os contornos exactos da acção que levou à morte do rei e do príncipe herdeiro, avultando as conjecturas que pretendem implicar outros diversos participantes ou que entendem que o verdadeiro alvo do atentado seria o ditador João Franco. Mas o certo é que não foram encontrados até hoje os processos judiciais organizado após o regicídio, cuja instrução foi cometida pelo Paço, sucessivamente, a três juízes de Instrução Criminal, que prenderam numerosos "suspeitos" e lançaram múltiplas acusações. Sem qualquer resultado... 

Como afirmou o último chefe do governo da monarquia, Teixeira de Sousa, que ao tempo era director da Alfândega e tudo presenciou da janela do seu gabinete no Ministério da Fazenda, "Eu assisti ao desenrolar do regicídio e vi, inequivocamente, que os que haviam disparado contra a carruagem real haviam sido ali mortos. Os regicidas caíram no Terreiro do Paço."
A situação do país nas vésperas do regicídio era fortemente marcada pela ditadura do governo de João Franco e os seus "constantes atropelos à lei fundamental". É nesse contexto que muitas notícias da época revelam a frieza com que foi acolhida a morte do rei, abandonado pelos seus, ninguém parecendo especialmente comovido. "Os fidalgos, os pares do reino, os conselheiros, estavam todos enfiados em casa, a tremer de medo." O próprio funeral de Estado, cheio de pompa, decorreu friamente. Do outro lado "o clamor vitorioso de vindicta, que se ergueu do coração do Povo" (in História do Regimen Republicano em Portugal). Ou como se escrevia na Loja maçónica A Sementeira, uma semana após o regicídio, deplorando embora os acontecimentos daquele dia: "às cinco horas da tarde do dia 1 de Fevereiro corrente, desapareceu o passado". 

Com a morte do rei e do príncipe herdeiro, subiu ao trono o infante D. Manuel.

http://www.fmsoares.pt/aeb/dossier09/default.asp, consultado em 31 de Janeiro de 2010


Fotografia do Terreiro do Paço, com indicações numeradas - organização de Rocha Martins para o livro que publicou sobre os acontecimentos de 1 de Fevereiro de 1908 No verso, várias indicações manuscritas: "Terreiro do Paço. Local exacto onde foi dado o regicídio."
(Documentos Carvalhão Duarte/ Rocha Martins/ Fundação Mário Soares)

A opinião pública

É um dogma do constitucionalismo, a equivalência dum artigo, que esqueceu outorgar na Carta e diria assim, pouco mais ou menos — Todos os partidos políticos da nação portuguesa desfrutam o aplauso da opinião, enquanto se conservarem no governo.

O chefe dum ministério proclama, aí pela manhã — tenho a meu lado a opinião pública — e o ministério que à tarde lhe sucede, imediata e categoricamente afirma que subiu ao poder a reclamações da opinião pública e vai com ela e por ela governar. Então acontece este fenómeno que não é falho de curiosidade — o ministério demitido, a oposição, e outros partidos, igualmente oposicionistas, agridem o novo ministério, em nome da opinião pública, e empenham-se em derrubá-lo para satisfazer os urgentes e imperiosos desejos da mesma opinião pública. É em nome da opinião pública que os governos extraem os impostos, que ela paga do seu bolso; é em nome da opinião pública que o governo amordaça a imprensa, que diz representá-la; é em nome da opinião pública que se corre à pranchada quando ela barafusta no entusiasmo oratório dos comícios ou se movimenta, aos gritos, revolta e magnífica de desassombro. Foi em nome da opinião pública que, no antigo regime, se acenderam fogueiras que a cozinhavam de espeto e se tornaram célebres, na história dos mais sangrentos atentados, as carnificinas, as perseguições, as espoliações — que continuamente a escravizaram.

Mas o que é, afinal, a opinião pública? É o pretexto, a figura de retórica, o termo oco e enganador pelo qual, os que nos governam, fazem a sua vida. E o viva entoado pelos que estão no alto, e o morra que lançam, furiosos, os que anseiam por subir. Decomposta, analisada — a opinião pública é uma mentira. Se por ela se entende: a opinião do público, sempre notaremos que nunca o público teve opinião. O público português — na sua maioria lavrador ou pequeno industrial — anda a monte, analfabeto, degenerado, indiferente. Tem uma ideia no estômago — arranjar a sua vida; — tem uma ideia correlativa no cérebro — o patrão, o amo, o senhor. Varia a côdea, a ideia varia. Ele tem as suas magreiras e tem as suas pândegas. Por vezes sofre de azia, por vezes pula de contente. Quantos anos o trouxeram afastado dos negócios da sua pátria! Quantos anos, perguntado sobre o que seria Portugal, ele apenas diria, olhando a sua malga de caldo, olhando os trapos que escondem o pêlo fulvo do seu tronco, olhando para a mulher na gravidez do quinto filho e coçando a cabeça — é isto, a miséria! Pois lentamente, talvez demasiado lentamente, esse povo tem sido chamado à vida política, tem sido instruído no amor cívico. Por quem? Pelos republicanos. E, é triste mesmo assim confessá-lo, chegamos à hora em que o povo somente conhece do seu Rei o que do Rei propalam os sectários da república... No entanto, o governo invoca a opinião pública para fazer ditadura — enigmático paradoxo! — e os partidos monárquicos combatem-no, em nome da opinião pública. Quantos vinténs andarão aqui da tal e célebre opinião?

Eduardo de Almeida, Alvorada, n.º 1, Guimarães, 1 de Junho de 1907

Concurso “Guimarães e a República"

Largo de S. Francisco, Guimarães, 1910
No âmbito das comemorações do centenário da implantação da República em Portugal, a Escola Secundária Francisco de Holanda promove um concurso subordinado ao tema “Guimarães e a República", aberto à participação de alunos, pais/encarregados de educação e assistentes técnicos e operacionais da Escola Secundária Francisco de Holanda.

São aceites trabalhos nas modalidades de “Figuras e acontecimentos” (fotografia, cartaz, multimédia, blogue, página Web) e de “Curta metragem”.

Podem participar no Concurso todos os estudantes, matriculados no ano lectivo 2009/2010, na Escola Francisco de Holanda, os pais e encarregados de educação e os assistentes técnicos e operacionais. Os concorrentes podem apresentar-se individualmente ou em equipas. Cada equipa deverá ser constituída até ao limite máximo de 4 participantes. Cada equipa pode apresentar, no máximo, dois trabalhos a concurso em cada uma das modalidades. Todos os trabalhos terão que ser originais.
Paralelamente, são criadas na Escola uma oficina de História Local e outra de Imagem. Dos seus objectivos destaca-se o de apoiar os alunos na preparação dos trabalhos a submeter ao Concurso “Guimarães e a República”.

A Ficha de Inscrição pode ser obtida na portaria da escola-sede ou descarregada da plataforma moodle - http://www.esfh.pt/moodle, disciplina “Centenário da República”. O regulamento está disponível nos mesmos locais.

Ambos os documentos podem também ser obtidos aqui:

A Escola Secundária Francisco de Holanda assinala o 5 de Outubro


No centenário da instalação da República, a Escola Francisco de Holanda convida toda a comunidade escolar a participar nos acontecimentos com os quais pretende assinalar os valores e ideais de tão importante período da História de Portugal.

Com a proclamação da República em 5 de Outubro de 1910, os ideais da liberdade, da igualdade, da dignidade da pessoa humana e da justiça mereceram uma particular atenção dos responsáveis do novo regime. Reconhece-se o esforço do republicanismo nas acções políticas de combate às desigualdades sociais, através da educação e da cultura, e as reformas democráticas, com resultados nem sempre ajustados às necessidades e reivindicações da sociedade portuguesa.

Com a celebração do centenário da República pretende-se abrir espaço à reflexão e mobilização de toda a comunidade tendo em vista a construção de uma República cada vez mais justa, mais solidária e mais participada. Das acções propostas para a celebração do novo regime implantado em 5 de Outubro de 1910 destaca-se um concurso, destinado a toda a comunidade escolar, a elaboração de um "Diário da República", sobre os principais acontecimentos nacionais e locais, a realização de uma exposição comemorativa do centenário.

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